Que conexão é possível fazer entre um soldado conspirador inglês, o grupo mundial de hackers "Anonymous" -clicar para ler sobre-, os atentados em Paris e o famigerado "estado islâmico"? Diversas e variadas. Começamos por falar de Guy Fawkes, conspirador entre os séculos XVI/XVII, e de sua máscara, marca registrada dos 'Anonymous', que indignados com os atentados em Paris, despoletaram cyberataques sem precedentes, ao auto proclamado 'estado islâmico'.
Guy Fawkes (Iorque, 13 de abril de 1570 — Londres, 31
de janeiro de 1606), foi um soldado inglês católico que teve participação na "Conspiração da Pólvora" (Gunpowder
Plot) na qual se pretendia assassinar o rei protestante Jaime
I da Inglaterra e os membros do Parlamento inglês durante uma sessão em 1605.
Os conspiradores
pretendiam explodir o Parlamento utilizando trinta e seis barris de pólvora
estocados sob o prédio durante uma sessão na qual estariam presente o rei e
todos os parlamentares. Guy Fawkes, como especialista em explosivos, seria
responsável pela detonação da pólvora. Entretanto, eles notaram que o ato poderia levar à morte de diversos inocentes e
defensores da causa católica. Assim, enviaram avisos para que mantivessem distância do parlamento no dia do ataque. Para sua infelicidade (eu diria "ingenuidade"), um dos avisos chegou aos ouvidos do rei, que ordenou uma revista
no prédio. Assim acabaram encontrando Guy Fawkes, guardando a pólvora.
Ainda nos dias de
hoje o rei ou rainha vai até o parlamento apenas uma vez ao ano para uma sessão
especial, sendo mantida a tradição de se revistar os subterrâneos do prédio,
antes da sessão.
Uma tradição
sardônica dá a Fawkes o título de ser "o único homem que entrou no
parlamento com intenções honestas". (pior é que deve ser verdade mesmo!)
O grupo de hackers Anonymous
voltou a ameaçar o Estado Islâmico, depois dos ataques cometidos na última
sexta-feira em Paris. Num vídeo publicado no seu canal no YouTube e num tweet na sua conta oficial, o grupo declarou
guerra aos terroristas e assegurou que “nada fará parar” o movimento de agir
contra os extremistas. No vídeo de dois minutos e meio, um elemento dos
Anonymous, sob a icónica máscara de Guy Fawkes, promete que será “lançada a
maior operação de sempre” contra o Estado Islâmico (EI), que deverá
“esperar ciberataques massivos”. “Anonymous de todo o mundo vão perseguir-vos.
“Devem saber que vamos encontrar-vos e não vamos deixar-vos ir”… “A guerra está
declarada. Preparem-se”, acrescenta a voz por trás da máscara.
Desde os ataques ao Charlie Hebdo e a um supermercado judaico em Paris, os hackers desmantelaram
perto de 149 sites associados ao EI, segundo dados
recolhidos pela revista Foreign
Policy. Além das páginas,
foram atacadas mais de 100 mil contas no Twitter e eliminados 5900 vídeos de
propaganda extremista. Assista ao vídeo em: Anonymous
Independente do alcance que as ações possam ter - e já se mostraram altamente eficientes anteriormente - é mais uma forma de combate a este amontoado de fanáticos estúpidos que insistem em desvirtuar aquilo que prega o verdadeiro islamismo. A Europa está em estado de choque e de alerta. Há desconfiança em tudo e todos. Parece não existir mais locais seguros. A luta apenas começou. A meu ver, era de vital importância que as nações ameaçadas (quase todas, atualmente) não se restringissem a 'apenas bombardear' posições do "e.i." além fronteiras, quando milhares de ativistas suicidas nasceram e estão dentro de suas próprias fronteiras! É preciso rever muito do segregacionismo que cada povo/governo tem infligido aos seus nacionais, só porque são descendentes de 'ex-colônias'. Será que é preciso chamar-se "Zinedine Zidane" para poder ser um 'bom argelino' e um francês legítimo? É hora de rever conceitos antes que sejamos engolidos pelo preconceito. Mais de 6.200.000 franceses (10% da população) é de descendência muçulmana. Muitos milhares de militantes recrutados pelo "e.i." saíram da Europa, sobretudo da França e muitos mais -simpatizantes-, vivem em solo europeu. É hora de coragem, mudanças, enfrentamento (não vamos aceitar a imposição de um 'califado na Europa!!!) mas também de tolerância para os que já vivem e nasceram nestes países. Cuidar deles para não ter que "tomar cuidado com eles". Flávio A. Portalet Jr.